Representando
o bloco Minas Sem Censura, os deputados Pompilio Canavez, Rogério Correia e
Adelmo Leão foram nesta terça-feira (22) à Procuradoria de Justiça, em Belo
Horizonte, solicitar a investigação do aeroporto construído na cidade de Cláudio
com dinheiro público em terreno pertencente à família do senador tucano Aécio
Neves. A obra cobrou da população mineira quase R$14 milhões e foi realizada
durante o segundo mandato de Aécio como governador de Minas
Gerais.
Os
deputados entregaram ao promotor Júlio César Luciano, sorteado pelo Ministério
Público Estadual para cuidar do caso, cópias da reportagem que denunciou o
empreendimento a todo o país, do programa Proaero, do processo de desapropriação
do território do tio-avô de Aécio, Múcio Guimarães Tolentino, na justiça mineira
e outras informações. “Pedimos para que o Ministério Público averigue e cumpra o
seu papel. Os mineiros querem saber por que esse aeroporto sempre teve uso
particular. Inclusive tem cadeado. Esse caso se enquadra em uma improbidade
administrativa”, afirmou o deputado Pompilio Canavez, líder do Minas Sem
Censura. O parlamentar também questiona onde o interesse público se encaixaria
nesse empreendimento, já que em cidades vizinhas a Cláudio existem aeroportos
capazes de suprir as demandas.
O
aeroporto não tem funcionários e sua operação ainda não é considerada regular
pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que também não recebeu do estado
todos os documentos para realizar a homologação do aeroporto e permitir que seja
aberto ao público. Para pousar por lá é necessária a autorização de familiares
do senador Aécio Neves.
Na
reunião, o deputado Rogério Correia apontou outras questões relacionadas ao
aeroporto, como o alto gasto para sua construção, equivalente ao valor de
aeroportos completos e com voos regulares. “Que aviões pousam lá? Quem são os
passageiros? Isso precisa ser levantado”, indagou Rogério. Outro fato destacado
é que a empreiteira que fez a obra do aeroporto, Vilasa Construtora Ltda, fez
uma doação de R$ 67 mil para a campanha de Aécio Neves em
2006.
Com
a representação em mãos, o promotor Júlio Cesar assegurou que o assunto será
apurado e fará o possível para dar uma resposta aos deputados e ao povo
mineiro.
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Aeroporto de Cláudio |
CPI
Para
que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) também investigue o caso, os
deputados do Bloco Minas Sem Censura estão recolhendo assinaturas de
parlamentares para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). “A
dificuldade é que a ALMG está em recesso, mas estamos entrando em contato com
cada deputado pedindo a assinatura. Mas sabemos que ter uma CPI em Minas Gerais
é muito difícil. Já são 12 anos que não acontece”, explicou o líder do bloco,
Pompilio Canavez.
Para
efetivar uma CPI são necessárias 26 assinaturas. “Queremos livrar nosso país do
que acontece em Minas Gerais”, pontuou Rogério Correia.