19
de outubro de 2014 | Autor: Fernando Brito
Domingo,
o povo brasileiro vai escolher um caminho para o
país
Como
as forças que dominaram, salvo breves intervalos, este meio século de Brasil,
não têm um caminho para apontar, senão o de permanecermos colônia, buscam nos
apresentar – estou sendo generoso – um gestor.
Pois
bem, aceitemos a categoria e nos abstraiamos de todas as polêmicas envolvendo o
caráter e os hábitos de seu candidato, para que ele não me responda com os seus
esclarecedores argumentos: “mentiroso” e “você está ofendendo os
mineiros”…
Então,
para julgar Aécio ao papel de gestor a que se propõe, verifiquemos os dados que
nos traz o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico e professor
emérito da Unicamp. Cerqueira Leite, que acumula décadas de experiência, além
das de cientista e educador, mas incentivador do desenvolvimento científico e
tecnológico do país. Quem tiver dúvidas sobre sua capacidade de análise, veja o
seu currículo aqui.
E
o que diz o professor sobre algumas áreas do tal “choque de gestão” implantado
em Minas, ao escrever artigo para a Folha de S. Paulo,
ontem?
Saúde:
(…)Aécio Neves, hoje candidato à Presidência, vem afirmando que deu prioridade à
saúde. Todavia, Minas foi o 22º dos 27 Estados em percentual da receita alocada
à saúde, aproximadamente a metade do percentual de unidades federativas
relativamente mais pobres, como Amazonas, Bahia e Pernambuco. Nesse item compete
com Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Educação.
Aécio vem confirmando a prioridade de seu programa de choque de gestão no setor
de educação e do imenso sucesso que teve seu governo nesse setor. Entretanto,
reservou para essa área um percentual de seu Orçamento de 2009 menor que
qualquer outro Estado naquele ano, com exceção do Espírito Santo.Isso significou
metade do que o Ceará e muito menos que Estados mais pobres e, supostamente,
menos desenvolvidos, como Maranhão, Acre, Roraima, Tocantins. Fica em 26º lugar
entre 27.
Segurança.
(…) do total de investimentos entre 2004 e 2008, apenas 6,57% foram aplicados em
educação, 8,78% em saúde e 6,87% em segurança. Os outros 77,8% foram,
entretanto, aplicados principalmente em obras monumentais em Belo Horizonte,
onde haveria maior visibilidade, não em obras de interesse imediato do cidadão.
Como consequência a criminalidade, ao contrário do que afirma Aécio, medida pelo
número de ocorrências policiais aumentou em 69% de 2002 a
2008.
Finanças
públicas. O choque de gestão, em sua versão original, denunciava como alarmante
um deficit para 2003, que seria de R$ 2,3 bilhões. O resultado depois de oito
anos de choque de gestão foi passar a dívida pública de um valor de R$ 18,5
bilhões, em 1998 (governo Eduardo Azeredo), para R$ 56,4 bilhões, em 2009. Não
somente foram gastos no serviço de dívida mais R$ 40 bilhões, como aumentou em
valores reais mais que 100% durante o governo de Aécio Neves.Em 2009, Minas
Gerais tornou-se o terceiro Estado mais endividado em percentual de seu
Orçamento anual, melhor apenas que o Rio Grande do Sul e que
Alagoas.
Depois
deste “resumo” -será que Aécio vai chamar de “mentiroso” um homem cujos títulos,
livros, cátedras e prêmios científicos internacionais enchem páginas? – a
pergunta salta cristalina: você contrataria alguém assim para gerir sua empresa
ou administrar seu condomínio?
PS.A
propósito, não estou ofendendo os mineiros, que o elegeram no passado. É que
numa coisa Aécio foi eficientíssimo: controlar a imprensa e fazer dela um bem
cevado carneirinho seu. Mas quando teve oportunidade, numa campanha nacional, os
mineiros deram-lhe a tunda eleitoral que merecia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário