
De
todos os posts que já escrevi aqui no blog, lembro de um cujos
comentários me fizeram chorar, de tristeza, de raiva, de pena, de
revolta contra um sistema de saúde que maltrata as mulheres e torna
traumatizante um momento que deveria ser absolutamente lindo: o parto.
Em "Eu fui maltratada na maternidade - e você?",
muitas mães e alguns pais abriram seus corações nos comentários e
compartilharam experiências horrendas pelas quais passaram durante o
nascimento de seus filhos.
Muitos dos
comentários eram de mulheres que estavam em hospitais públicos e
imploraram por uma anestesia. Imploraram por alguém que as ajudassem a
se sentir melhor, fosse com uma massagem no ombro ou fosse pra subir na
maca. Imploraram para terem seus maridos ao lado. E foram ignoradas
completamente.
Então, escrevo as informações
abaixo pensando justamente nesses leitores aqui do blog - e em todas as
mulheres que agora (se Deus quiser!) passarão a ser tratadas com
dignidade nos hospitais públicos de São Paulo. E, espero, que em breve
no Brasil todo.

Alguns dos direitos que agora toda a gestante terá (a partir de maio, que é quando a lei entra em vigor):
- Direito à anestesia sempre que solicitarem, inclusive em casos de parto normal, algo que hoje não existe no SUS
- Direito de receberem auxílio para lidarem com a dor sem ser por meio de remédios. Ou seja, devem ter acesso a banho morno, local para fazer exercícios e massagens para aliviar a dor. Lembro de uma leitora que
tinha um problema grave na coluna e que foi ignorado pelo médico. Ela
conta ter implorado por uma massagem no ombro, que ardia de dor. Todos
esses profissionais que a ignoraram agora são obrigados por lei a
ajudá-la.
- Direito a ter o chamado Plano
Individual de Parto, no qual poderá deixar claro que tipo de parto tem
preferência, o tipo de anestesia, além de determinar o nome do
acompanhante. O grosso dos comentários reclamava justamente de terem
proibido a entrada do acompanhante - algo que é previsto em lei, mas é
ignorado em 64% dos hospitais (dados da Rede Cegonha).

- Direito ingerir líquidos e alimentos leves. Outra reclamação constante, a de que foi obrigada a ficar em jejum por muitas horas e não tinha forças durante o parto em si.
- Será favorecido o contato físico precoce entre a mãe e o recém-nascido, após o nascimento, especialmente para fins de amamentação. Por isso,
deixe claro e aos quatro ventos que você quer amamentar seu filho logo
que ele nascer. E se alguém tentar te impedir, a não ser que haja algum
problema com o bebê, exija.
Termino o texto com
uma frase da vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), autora do projeto que
se transformou nessa promissora lei (se ela realmente for colocada em
prática, claro!)
"O objetivo principal do projeto é
acabar com uma grande injustiça que tem ocorrido na rede pública de
saúde, o desrespeito aos direitos da gestante. O maior exemplo disso é a
negativa de anestesia em casos de parto normal. É necessário um
tratamento digno desde a entrada no hospital até o momento do parto, o
único choro da mulher nessa hora tem que ser o de emoção.
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